Depois de 2 anos…(parte 1)

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Uma senhora pausa aqui do blog. Tanta coisa aconteceu..tanto amadurecimento, tanta tristeza, tantas alegrias. Hoje me deu uma saudade daqui e aí pensei: “E agora? Escrevo sobre o que?”. Bom, vou tentar resumir tudo o que aconteceu e aí vocês vão ver que rumo isso aqui vai ter.

O último post foi exatamente quando tudo explodiu na minha vida. Descobri que estava grávida. Foi um susto grande, não esperava. Não sabia nem que podia engravidar (devido ao câncer/quimio). Contei para poucas pessoas, pois tem aquela coisa de esperar até o fim do 1º trimestre pra saber se tá tudo ok. Fiz testes de farmácia, fiz exame de sangue e aparentemente estava tudo bem. Só que continuava um sangramento como se eu estivesse menstruando. Até aí ok, pois na gravidez pode ocorrer esse sangramento, tanto que às vezes tem gente que tá grávida e nem sabe. Consegui uma consulta com um ginecologista/obstetra e logo ele foi passando uma ultrassom pra ver como estava evoluindo. Na ultrassom não foi achado nada, ok também, pois estava muito no comecinho. Sangramento firme e forte e passei a sentir umas cólicas. Pensei pronto..tô perdendo esse bebê. Liguei pro namorido, pra minha mãe e fomos para a emergência. Chegando lá fui encaminhada pra fazer a ultrassom. O médico foi um santo, já estava encerrando o plantão mas me atendeu muito bem. Ele demorou horrores e procurou muito e não achou nada. Com a experiência dele, ele foi mexendo aqui, ali…e viu e falou que sentia muito mas era uma gestação ectópica. Eu como todo mundo quando acontece algo corremos pro Google né? Foi o que eu tinha feito dias antes e falei: “Mãe será que não é ectópica? Vai saber com a sorte que eu tenho”. Foi dito e feito. Já estava com a trompa estourada, com hemorragia. Fui internada na hora para operar. Ele não entendeu como eu não estava desmaiando de dor pelo quadro, gosto de pensar que foi Deus tentando me poupar depois de tanto sofrimento. Sai da sala de exame e desabei.

Não foi planejado, mas acho que quando você engravida, saber que existe uma vida dentro de você, um vínculo é criado de uma forma que me falando eu não acreditaria. É surreal. Bati tantas fotos, fiz tanto carinho na barriga, conversei tanto. Na manhã seguinte foi a cirurgia. Quando acordei, não lembro muita coisa por causa da anestesia, só lembro de chorar muito…e todo mundo: “Calma, já que você tem outro, ainda tem tempo, fulana aconteceu isso e logo engravidou, blablabla.”. Isso pra quem tá despedaçada é pior, eu acho. Despedaçada não…vazia, com ódio do mundo, sem graça…tantos sentimentos diferentes que só quem passa por isso sabe. Quando viam falar isso eu já soltava: “Não quero mais engravidar, não quero filhos, não é pra mim.”. E foi um luto demorado…a dor da cirurgia do tamanho de uma cesária era um lembrete diário de “fiz uma cesária e não tenho filho”…evitava algumas pessoas. Com muita reza, com a ajuda de duas princesas que vieram pra minha vida, uma em forma de filha de uma prima quase irmã e outra em forma de afilhada. É incrível como a convivência com uma criança te renova de formas diferentes.

E em menos de um ano, depois de refletir e pensar que ser mãe realmente me fazia falta, em outubro de 2018 chegou meu positivo.

Continua…